Câncer

O corpo humano é pluricelular (várias células). É constituído de 10 trilhões de células que trabalham de maneira integrada, cada uma possui uma função específica, a saber:

  • nutrição;

  • proteção;

  • produção de energia e reprodução.

A célula é composta das seguintes partes:

As células normais de todo organismo vivo coexistem em perfeita harmonia citológica, histológica e funcional, harmonia esta orientada no sentido da manutenção da vida. De acordo com suas características morfológicas e funcionais, determinadas pelos seus próprios códigos genéticos, e sua especificidade, as células estão agrupadas em tecidos, os quais formam os órgãos.

O contato e a permanência de uma célula junto à outra são controlados por substâncias intracitoplasmáticas. Elas reconhecem-se umas às outras através de processos de superfície, os quais ditam que células semelhantes permaneçam juntas e que determinadas células interajam para executarem determinada função orgânica.

O crescimento celular responde às necessidades específicas do corpo, é um processo cuidadosamente regulado e o seu crescimento envolve o aumento da massa celular, duplicação do ácido desoxirribonucléico (ADN) e divisão física da célula em duas células filhas idênticas (mitose).
Nas células normais, as restrições à mitose são impostas por estímulos reguladores que agem sobre a superfície celular, os quais resultam tanto do contato com as outras células como da redução na produção ou disponibilidade de certos fatores de crescimento.

O mecanismo de controle do crescimento celular está na dependência de fatores estimulantes e inibidores, e, normalmente, permanece em equilíbrio até o surgimento de um estímulo de crescimento efetivo, sem ativação do mecanismo inibidor. Tal estímulo ocorre quando há exigências especiais como, por exemplo, para reparar uma alteração tissular. As células sobreviventes multiplicam-se até o tecido se recompor e, a partir daí, quando ficam em contato umas com as outras, o processo é paralisado (inibição por contato).

Em algumas ocasiões, ocorre uma ruptura dos mecanismos reguladores da multiplicação celular, e sem que seja necessário ao tecido, uma célula começa a crescer e a dividir-se desordenadamente. Daqui pode resultar um clone de células descendentes, herdeiras dessa propensão ao crescimento e divisão anômalos, insensíveis aos mecanismos reguladores normais, resultando na formação de uma massa, que se designa por tumor ou neoplasia (benigna ou maligna).
A carcinogénese refere-se ao desenvolvimento de tumores malignos, estudada com base nos fatores e mecanismos a ela relacionados

A predisposição individual tem um papel decisivo na resposta final, porém não é possível definir o tempo e o modo em que ela influencia a relação entre a dose e o tempo de exposição ao carcinógeno e a resposta individual à exposição.
As células sofrem processos de mutação espontânea. Nestes processos incluem-se danos oxidativos, erros de ação das polimerases, das recombinases e redução e reordenamento cromossômico.
Há também que se considerar a vigilância imunológica como mecanismo de correção ou exclusão das células mutantes.

Oncogénese física


O mecanismo da carcinogênese pela radiação reside na sua capacidade de induzir muta- ções. Essas mutações podem resultar de algum efeito direto da energia radiante ou de efeito indireto intermediado pela produção de radicais livres a partir da água ou do oxigênio. As radiações na forma de partículas (como partículas alfa e nêutrons) são mais carcinogênicas do que a reten- ção eletromagnética (raios X, raios gama).

Oncogénese química

A oncogénese química é um processo sequencial, dividido em duas fases

– a iniciação e a promoção.

A primeira etapa (iniciação) consiste num fator iniciador ou carcinogênico que causa dano ou mutação celular. A mutação dos ácidos nucléicos é o fenômeno central da etapa de iniciação da carcinogênese. As células “iniciadas” permanecem latentes até que sobre elas atuem agentes promotores.

A segunda etapa (promoção) estimula o crescimento da célula que sofreu mutação, após a transformação celular inicial. Os fatores podem ser agentes químicos (p. ex. asbesto), processo inflamatório, hormônios, fatores que atuam no crescimento celular normal.
O agente promotor não tem ação mutagénica nem carcinogénica.
Muitos dos agentes carcinogénicos químicos encontram-se no meio ambiente humano e estão relacionados a hábitos sociais, alimentares ou ocupacionais. 

Oncogénese biológica

Diversos vírus de ADN e de ARN estão implicados na gênese do câncer humano. Entre os vírus de ADN, encontram-se os do Papiloma vírus humano (HPV), de Epstein-Barr (EBV) e o da hepatite B (HBV).

Os vírus de ARN (retrovírus) raramente se relacionam com o câncer humano. O único comprovadamente oncogénico é o retrovírus HTLV 1, responsável pela leucemia/linfoma da célula T do adulto e pelo linfoma cutâneo de célula T. 

Bibliografia:
Fisiopatologia do Câncer

 

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