Câncer!…Recurso ao estrangeiro?


As soluções que existem em Portugal e os casos em que a solução está em sair do país

Tratar o cancro é, hoje em dia, bastante mais fácil do que noutros tempos, graças à evolução da investigação médica e das técnicas disponíveis. No entanto, nem sempre é fácil ou possível aguardar por um tratamento em Portugal.

Casos especiais

«Nas doenças oncológicas, quando não há tratamentos úteis, pelo menos em termos de cura, as pessoas vão para o estrangeiro em busca de respostas», alega Nuno Abecassis (oncologista).

Embora, em Portugal, haja cada vez mais disponibilidade de equipamentos, inclusivamente de radiocirurgia, «há doenças muito raras e situações especiais que justificam a ida a um centro com mais experiência como, por exemplo, tumores da carina ou com o envolvimento da carina (a bifurcação da traqueia nos dois brônquios principais, uma zona nevrálgica e central no meio do mediastino, uma das três áreas em que está dividida a cavidade torácica, ao pé do coração e dos grandes vasos) e alguns do foro da  oncologia ortopédica, como os tumores primários do osso da região da bacia».

Segundo o oncologista, apesar de raros, «há determinados tumores na carina e outros que têm o seu ponto de partida num dos pulmões, mas atingem também essa zona. Quando isso acontece, não basta retirar o pulmão do lado em que há doença, é preciso retirar essa zona, preservando o pulmão do lado contrário».

Esta é uma cirurgia com grande delicadeza técnica, muito rara, com uma média de um caso por ano em Portugal, sendo o IPO de Lisboa o único local no país onde se trata este tipo de doença

De acordo com o especialista, estes «são casos extraordinariamente raros, pelo que no nosso país não há capacidade de adquirir volume de experiência para tratá-los com eficácia».

Para além de outros, o Centro Oncológico da Universidade de Navarra é procurado pelo contrato estabelecido com uma companhia de seguros portuguesa.

Listas de espera

«O tempo de espera para uma cirurgia no Instituto Português de Oncologia de Lisboa ronda os dois meses».

No Serviço Nacional de Saúde, o tempo de espera para tratamentos oncológicos varia consoante a entidade e patologia em causa, sendo «menor em doenças que podem ser tratadas na maioria dos hospitais e mais prolongado no caso de doenças raras ou que exijam recursos muito diferenciados para o seu tratamento», conta o oncologista.

Vale a pena viajar?

«Na esmagadora maioria das vezes, não se justifica a deslocação. Contudo, algumas circunstâncias pontuais podem fazer com que valha a pena.

Também os elevados custos directos (do tratamento) e indirectos (alojamento, viagens) podem ser um entrave a esta procura de tratamentos no exterior. «Em Portugal, o tratamento pode ser pago pelo SNS e se, eventualmente, o médico enviar o doente para o estrangeiro, o mesmo serviço pode vir a cobrir os custos do tratamento».

Top anti-cancro

Paris Institut de Cancérologie Gustave Roussy www.igr.fr

Londres Royal Marsden Hospital www.royalmarsden.nhs.uk

Nova Iorque Memorial Sloan-Kettering Cancer Center www.mskcc.org

Houston MD Anderson Cancer Center Houston www.mdanderson.org